Post Duplo

Olá pessoas, Berenice tem sido uma menina má e não tem postado, sim, eu sei que mereço apanhar por isso, mas por favor sejam razoáveis. Bom, eu estive viajando (merecidas férias) e fui pra um lugar incrível (falarei da viagem em outro post q já está até no rascunho), enquanto isso decidi falar sobre 2 filmes alemães, então Let's talk about:




1. "Der Untergang", que aqui no Brasil veio com o Título "A queda - as ultimas horas de Hitler" (obrigada por terem feito uma tradução descente desse título), e tem notinha no IMDB 8.4 (da qual eu discordo). O filme na verdade é baseada nos livros de Traudl Jung que foi uma das secretárias do Fürer (ahh trema, não quero te abandonar) e de Joachim Fest. Eu adorei o filme por diversos motivos e peço pra que você mantenha a mente aberta ao ler as próximas linhas, pois convenhamos esse é um assunto um pouco delicado.
O filme presta um grande serviço a nação alemã primeiro porque é a primeira vez em que os próprios alemães falam sobre o assunto no cinema, sim, existem inúmeros filmes sobre a Segunda Guerra e sobre o Terceiro Heich, mas esse é o primeiro feito pelos alemães e para os alemães, o que é uma grande evolução se levarmos em conta o fato de que após a guerra, tudo o que tem relação com nacionalismo e/ou Hitler, nazismo, etc, é praticamente censurado na Alemanha. O filme presta outro favor a humanidade ao retratar Hitler como um ser humano (mente aberta por favor), sempre acreditei que muito da força e do stigma que Hitler ganhou após a guerra deve-se ao fato de todos nós teremos alçado ele a categoria de Anti-Cristo, uma personificação do demônio, e acredito que o filme, ao retratá-lo como um homem frágil, perturbado e doente, mas no fim das contas, apenas um homem, ajuda muito a expurgar um pouco da culpa e da vergonha que foi a II Guerra. Muitos podem alegar que o filme tenta se desculpar colocando Hitler como um louco, coisa com a qual eu não concordo, primeiro porque os crimes de guerra do Terceiro Heich ja foram julgados, os culpados ja foram condenados e os alemães até hoje sofrem com o peso da própria história, logo não acredito que a intenção do filme tenha sido desculpar qualquer coisa (até porque não cabe a um filme fazer isso), acho que ele é sim, uma tentativa (ainda que bem tardia) do povo alemão de compreender sua própria história e, quem sabe, exorcisar esse grande demônio. Destaque pra bela atuação de Bruno Ganz na pele de Hitler. Como sempre segue o trailler:





2. "Die Welle" que tem o título de "A Onda" aqui no Brasil (mais uma vez obrigada por fazer um bom título), tem nota 7.5 no IMDB (ja nem discuto mais). O filme narra a história de Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é um professor de educação física super gente boa que todo mundo adora e que tem que participar da semana de projetos da escola, como pessoa descolada que é, ele queria falar sobre Anarquia, mas graças a filhadaputagem de outro professor ele acaba ficando com o tema Autocracia. No primeiro dia de debates os alunos levantam a questão: "Poderia a Alemanha moderna voltar a ter um sistema tão autoritário quanto o Terceiro Reich?". Em meio a polêmica Rainer decide simular um sistema autocrático tendo ele como líder. E é ai que a coisa começa a degringolar, pois os alunos aceitam muito bem o novo sistema (que é batizado de "a onda"), visto que o mesmo usa os principios fundamentalmente usados por praticamente todos os governos autoritários: disciplina, defesa da comunidade e igualdade, desse modo todos passam a se sentir parte de algo importante e o próprio Rainer começa a mudar tornando-se mais autoritário. O filme narra todo o envolvimento dos alunos desde a criação do nome do movimento, passando pela criação da pagina no myspace, criação do logotipo e de uniformes e mostra também como a ideologia da "onda" começa a afastar os alunos daqueles que eles acham "diferentes" e logo passam a tratar como "inimigos" e como essa ideologia começa a sair da sala de aula e contaminar perigosamente toda a comunidade. Devo dizer que a rapidez com que as coisas se desenrolam (uma semana), é um pouco forçada, mas acho que o filme atinge seu objetivo que é lançar o debate sobre nossas vidinhas, vejam bem, nós somos educados num sistema capitalista que prima por incentivar o individualismo,mas somos seres essencialmente sociais, então, não paro de pensar que passamos nossa vida buscando uma ligação com nossos iguais, na escola, no trabalho, na vida em família e confesso que fico um pouco assustada ao constatar que, mesmo atualmente, seríamos todos facilmente ludibriados por essa falsa sensação de conexão e por essa comodidade de não precisarmos pensar por nós mesmos, o filme já vale pela reflexão. Como sempre trailler, enjoy: